segunda-feira, 24 de março de 2014

Saudade





Saudade

Escuta,
o que te diz
o vento!
O dia  frio
e as folhas
-de outono-
no chão
trazem de volta
rascunho de versos
que fiz pra ti
na última estação...
...
Eu não resisto
e corro  à janela
pra ouvir
uma canção.
São  lembranças
são perfumes
onde está
minha razão?
...
Eu (ainda) sonho
e te vejo
muito longe
porque perto
é somente
um desejo!
...
Eu te escrevo
neste outono!
(Bernardete Ribeiro   - 24/03/2014)

domingo, 19 de maio de 2013

Para mim, para você e para todos!

Não me diga o que fazer, porque eu já fiz.
Não me cobre certas coisas, porque é você quem me deve.
Não me obrigue a querer, se eu não quero.
Não me conte uma história, porque ela nem existe.
Não se lamente comigo, porque você insiste nos erros.
Não me fale do que passou, porque agora é o presente.
Não me faça acreditar em castelos -de areia-, porque eles se desmancham.
Não se finja de inocente, porque sempre soube a verdade.
Não espere pelo outro, porque é você quem decide.
Não diga que tem medo, porque o medo é um fantasma.
Não desvie o assunto, porque eu já sei.
Não se sinta culpado, porque você atrai a culpa.
Não aponte os meus erros, porque você não enxerga os seus.
Não espere a noite, porque pode não haver lua.
Não se lamente da vida, porque você não a enfrentou.
Não me fale de tristezas, porque o dia está cinzento.
Não me fale da morte, porque ela é a vida.
Não desvie o olhar, porque eu sei o que sente.
Não me fale de trabalho, porque tenho calos nas mãos.
Não me fale de tortura, porque ela pode não ser -só- física.
Não me fale que sente frio, porque sua alma é gelada.
Não me fale de hipocrisia, porque seu olhar é irônico.
Não me fale de ódio, porque ainda há flores no caminho.
Não me fale de guerra, se você vive em conflito.
Não me fale de filhos, se eles já se perderam.
Não me conte sobre o vazio, se não tem nada para dar.
Não me fale de dor, porque eu a sinto bem aqui.
Não me fale de amor, porque você nem o pratica
Não me peça um beijo, porque só sinto o vento.
Então, não me espere, porque estou em busca das estrelas.

Bernardete Ribeiro - 19/05/2013

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Eu me chamo "Ninguém"

"Ninguém" é meu nome. Estou só... muito só... Você nem imagina o tamanho da minha solidão... Estou na rua. Os carros passam, os homens passam e a vida passa... Não festejo dia das mães, porque meu nome é "Ninguém". Se você, que me vê agora, soubesse o que sinto, talvez não me olhasse com esse temor, como se eu fosse arrebatar-lhe a vida. Sabe quando alguém está no escuro e não vê a luz? Sabe quando não se tem um plano, um sonho? Então, sou eu: "Ninguém!" 
Estou com fome, frio, sede, não tenho o que vestir, nem calçar...
Você me vê, mas não me enxerga. Sei que talvez tenha saído com seus filhos hoje e tudo foi tão bonito... Eu também queria fazer isso. Mas eu perdi os meus ... perdi todos os meus sonhos... perdi minha vida... 

De verdade, juro que não queria estar assim... O esforço que tenho feito, para não ser "Ninguém" é doloroso e, por isso, não consigo atravessar a parede de aço que me rouba a razão.
Hoje, mais do que ninguém, eu não queria ser "Ninguém"! Quero o meu nome de volta, os sonhos simples , a minha vida, os planos... Eu quero ter para onde ir, mas um lugar para voltar. Ter com quem sair e alguém para abraçar, para conversar, para rir. Só isso!
Sei que lhe ensinaram a ter medo de quem se chama "Ninguém". Portanto, não estranho que não me enxergue. Você não tem culpa.
Não sei como será amanhã... O cansaço é grande ... tudo é cinzento para mim. Até houve um tempo em que eu via algumas cores. Mas agora não.
No céu, parece haver paz... Eu queria estar no céu... ir para o céu... O céu é azul, durante o dia; à noite, é escuro, mas cheio de estrelas. Cada estrela é uma lágrima, porque são muitas as lágrimas...
Eu preciso caminhar, preciso ir não sei pra onde... Tem um vazio enorme aqui, no meu peito, na minha alma... Eu não sei onde está minha mãe, nem onde estão meus filhos... Uma dor, é o que sinto. Mas não uma dor qualquer. É gigante... ela me devora o espírito, rasga o meu peito...
Não suporto mais... é muito maior do que a vontade de mudar... Você pode me ajudar? Eu me chamo "Ninguém"!

Bernardete Ribeiro - 13/05/2013


sábado, 27 de abril de 2013

Árvore de Outono

O vento leva
tua roupa
e tu, meio louca,
não escondes
o corpo 
de galhos,
sem maçãs, 
sem seios,
esquálida,
pálida,
cálida.
Nem mesmo
passarinhos
te fazem ninhos.
E tu te moves,
desengonçada,
e é tão pouco 
o que queres:
vestir-te 
e mais nada!

Bernardete Ribeiro - 27/04/2013

sábado, 20 de abril de 2013


Perfume de Outono

O teu perfume
de (quase)  outono,
de magia
e maresia,
chegou,
(assim)
devagar,
como o último
luar
quando do beijo
veio o desejo
(tão louco)
de (te) amar.

Bernardete Ribeiro - 20/04/2013

sexta-feira, 5 de abril de 2013


Outono da Minha Vida (2)

(1) Sonhos
      Risos
      Abraços
      Toques
      e...
      Laços.
   
(2) O vento
     chega, desenhando,
     e valsando  minhas luas,
     todas nuas,
     num céu,
     sereno,
     salpicado de estrelas,
     estrelas de marfim.
     E é tão bom vê-las,
     bem aqui,
     onde sinto
     tua leveza
     toda pureza
     e beleza
     que só tu,
     Outono,
     tens pra mim!

Bernardete Ribeiro - 05/04/2013

terça-feira, 19 de março de 2013



Sem Tempo

E no meio de tanta pressa
ainda sinto o vento,
o farfalhar das folhas,
o canto do sabiá,
um cheiro do mar.
A razão diz:
- para!
Mas o que é a razão
se meu peito é um vulcão
e não tenho tempo
porque o relógio parou?
Eu preciso ver um rosto
(perdido)
num lugar...
E eu tenho pressa
(não me impeça)
preciso chegar!

Bernardete Ribeiro - 20 de março de 2013