sexta-feira, 8 de março de 2013

Dia Internacional da Mulher

Pensando ao pé  da letra, se hoje é o nosso dia, ontem não foi e amanhã também não.
Será?
Quantas de nós, mulheres, mães, professoras, babás, médicas, faxineiras e uma infinidade de outras profissionais,  esquecemos nossos direitos e vamos vivendo, com uma dor aqui; outra acolá?
Quem de nós não se deitou na cama  e fingiu, gemendo, que  o nosso homem é “o último biscoitinho” do pacote?
Quantas de nós já não  esbravejou, porque teve que limpar o banheiro, cheio de pelos e cabelos, e o vaso com cheiro de xixi?
Quem de nós  não teve vontade de “fazer vazar” aquela sogrinha, toda bonitinha, cheia de boas intenções, mas de boas intenções o inferno está cheio?
Quantas de nós chegamos   atrasadas no trabalho, porque o marido está com uma febrícula, todo aninhado na cama, e diz, com a maior certeza do mundo e com cara de cachorro abandonado: “Dessa vez, ah... dessa vez eu não escapo!”
Quem de nós já quase perdeu a cabeça, porque faz tudo pelo filho e, nas horas em que precisamos dele,  simplesmente   nem nos dá ouvidos?
Quantas de nós já não tivemos vontade de mandar alguém se fuder, mas engolimos tudo, para depois termos que fazer uma endoscopia e, até quem sabe,  um tratamento para o resto da vida?
Quantas de nós  sentimos  o cheirinho de chulé do marido, assim que ele chega do trabalho, todo dengosinho, querendo um cafuné?
Qual de nós já não procurou um “pai de santo”, para ajudar a fazer uma “mandinga”, para trazer de volta algo, que  não perdemos, porque nunca o tivemos?
Quantas de nós já não olhamos  para o vizinho, para o médico, para o terapeuta, para o cara da academia, imaginando-o de uma forma que só nós, mulheres, sabemos fazer, porque os homens não são nada criativos nesse aspecto (rsrssrsr...)?
Qual de nós não fez confidências a uma amiga, sobre a performance de nosso homem e, depois, idiotas que somos,  descobrimos que essa amiga, filha de uma puta, já estava de caso com ele  e ainda dizia, por aí, que ele “dava muito no couro”?
Quantas  de nós já não derramou sangue por baixo e por cima, nos olhos, como lágrimas, por causa de uma dor que parece jamais ter fim?
Quem de nós já não sofreu um aborto espontâneo e preferiu a morte, por nunca poder ver  o rosto  do filho, com o qual sonhara todos os dias?
Quantas de nós não nos  sentimos  ultrajadas, quando nosso companheiro nem percebeu que mudamos o cabelo, que emagrecemos ou que vestimos uma linda camisola, para uma noite de amor, que não aconteceu?
Quem de nós já não se sentiu um “inseto”, quando nosso parceiro, assim do nada, diz: Desculpa, brochei!” e nem foi a nossa culpa?
Quantas de nós somos o  chefe da casa e temos  que trabalhar quase até a “quinta idade” (rsrsrsr), porque achamos que somos a resolução da nossa família?
Qual de nós não se veste, somente  para matar de inveja as amigas, com as quais vamos nos encontrar numa festa ou num almoço?
Quantas de nós saímos de casa  desarrumadas, porque perdemos a vaidade, achando  que ninguém vai nos ver e, de repente, surge a pessoa, justamente a pessoa, que não queríamos encontrar?
Quem de nós nunca se apaixonou pelo professor de matemática ou  de física, porque ele tinha um jeitinho todo especial no olhar , e ensinava cálculos, pelos quais nunca nos interessamos?
Quantas de nós mantemos um casamento falido, porque temos medo da solidão, achando que nossa vida depende de uma pessoa, que não está nem  aí para os nossos mais simples desejos?
Qual de nós já não se olhou no espelho,  viu a safadeza que o tempo nos fez e, com a ponta dos dedos, vamos mexendo no rosto, esticando a pele, para um lado e para o outro, imaginando-nos, pelo menos, dez anos a menos?
Quantas de nós deixamos  de viver a nossa vida, para vivermos  a vida de outros, sem  jamais nos darmos   conta de que isso não tem preço nem volta
Enfim, quantas de nós sabem e reconhecem que ser mulher não é apenas ser do sexo feminino, mas sim exercer, no mundo, o papel que os homens jamais poderão representar!
Somos mulheres todos os dias, né, não?

Bernardete Ribeiro – 08 de março de 2013

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