um rosto que se perdera,
quando meu coração não sofria,
e somente queria
as bonecas que nunca tivera...
Olho uma imagem
e não a (re)conheço.
Procuro, mergulho no reflexo da luz
e não a encontro...
Em que espelho mergulhou?
Onde está a menina
que sonhava com sapatos de verniz,
meias brancas e um vestido bordado,
de cor azul?
Em que espelho se vestiu?
Para onde foi a garota, franzina,
pequenina, que tinha medo de fantasmas
e do barulho que a noite trazia?
Em que espelho ela chorou?
Em que estação ela saltou
para fugir da velha,
que ameaçava e amedrontava crianças,
dizendo que ia roubá-las?
Em que espelho se escondeu?
Onde foi parar a guria
que matemática não aprendia,
mas adorava escrever e pensar
que um dia teria o mundo.
Em que espelho ela sonhou?
O espelho não responde
e lhe mostra uma nostálgica verdade:
ela se fora e se perdera...
Agora é tarde.
Em que espelho ela partiu?
(Bernardete Ribeiro - 17/02/2011)
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