domingo, 9 de maio de 2010

De Sampa




E eu a vi meio (tão) cinzenta
Esmagada de progresso
Sem horizonte, sem mistério
Gritei seu nome num verso.

Eu a senti tão (meio) narcisa
Racional e sem fé
À noite fica perdida
Adormece toda a Sé.

Eu a descobri tão (meio) Marginal
Dolorida e poluída
Diversa e única
Ainda assim esbanja vida.

E na Ipiranga
Algo acontece no meu coração
Estou na rua, no frio, ao vento
Cruzando a Avenida São João.

Sou do povo sofrido
Dos cortiços e favelas
Estrelas surgem na garoa
Jamais serei uma delas.

Me esfolei pelo avesso
Mas nunca cheguei nem perto
Ela foi meu recomeço
Nesta selva de concreto.

Então dela me despeço
Meio amargo e infeliz
Pensava encontrar aqui
A vida que sempre quis.

Eu a vejo tão cinzenta,
narcisa e Marginal...



(Bernardete Ribeiro - 09/05/2010)

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